Imagine saber que um paciente terá um acidente vascular cerebral AVC dias antes do primeiro sintoma.
- Sérgio Alves
- 22 de abr.
- 2 min de leitura
Isso não é ficção científica. Pesquisadores da Harvard Medical School e do Massachusetts General Hospital desenvolveram um algoritmo de IA que previu AVCs isquêmicos com 72 horas de antecedência, usando dados de tomografias, históricos clínicos e biomarcadores. O estudo, publicado na (Nature Medicine*), alcançou 89% de sensibilidade – um marco para a neurologia preventiva.
Impactos positivos do diagnóstico precoce do AVC e caminhos a seguir no Brasil:
✅ Redução de custos no SUS: Prever AVCs evitaria internações prolongadas (que custam ~R$ 20 mil por paciente**) e reduziria sequelas incapacitantes.
✅ Telemedicina ampliada: Ferramentas assim poderiam ser integradas a plataformas como Telessaúde Brasil, auxiliando regiões com poucos médicos neurologistas.
✅ Prevenção personalizada: Identificar pacientes de alto risco em ambulatórios de Hipertensão e Diabetes, (que representam 80% dos casos de AVC***).
Desafios urgentes:
⚠️ Acesso a exames de qualidade: 30% dos municípios brasileiros não têm tomógrafos**** A Internet dos hospitais públicos é lenta, dificultando o processamento de grandes volumes de imagens – como implementar IA preditiva sem infraestrutura?
⚠️ Marco regulatório: Não há diretrizes do CFM ou ANS sobre como usar IA preditiva. Se o algoritmo errar, quem responde? O desenvolvedor? O hospital? O médico que confiou no sistema?
⚠️ Alto Custo: Treinar algoritmos com dados brasileiros, exigiria investimento em pesquisa nacional – hoje, 90% dos estudos com inteligência artificial em saúde são realizados em países ricos.
A inteligência artificial não substitui o julgamento clínico, mas amplifica nossa capacidade de agir antes da crise. As perguntas que ficam são:
Como você explicaria para um paciente que uma inteligência artificial está prevendo que ele tem alto risco de ter um AVC, mas ele não tem sintomas ainda?
Como integrar essas ferramentas na prática diária sem gerar ansiedade ou falsos alarmes?
Se um algoritmo pode economizar R$ 20 mil por paciente evitando AVCs, por que ainda não priorizamos essa tecnologia no SUS?
Precisamos urgentemente de diretrizes brasileiras para IA preditiva em saúde. Quem deveria liderar essa discussão: ANS, CFM, ou o Ministério da Ciência e Tecnologia?
Vamos debater soluções?!

Dr. Sérgio Henrique Saraiva Alves
Diretor Técnico Científico - Science Care Fisioterapia
Fontes:
* “Stroke Prediction with Machine Learning: A Multi-Center Study" (Nature Medicine, 2023)
** “Valor Econômico: Custo do AVC no SUS" (2023)
*** "Diretrizes do Ministério da Saúde: AVC e comorbidades" (2022)
**** "IBGE: Acesso a Tomógrafos no Brasil" (2021)




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